segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Era pra ser sobre mim, mas ele roubou a cena...


Algo dentro de mim me diz que esse ano será no mínimo estranho. Pelo menos vai ser interessante (levando em conta que tudo o que é estranho chama a atenção). Não sei, mas talvez toda essa estranheza iminente esteja na minha própria pessoa. Afinal tenho me sentindo assim: o animal mais estranho do zoológico! Talvez eu seja ou esteja estranha mesmo e as pessoas não tenham culpa de nada. Talvez...
Não me levem a mal por isso. Apesar das dificuldades que tenho enfrentado em ser eu, tenho consciência de que esse é o meu tempo, o meu agora, here and now! Sinto que preciso fazer acontecer e sei também que sozinha não darei conta. Diante disso, lembro-me de alguém que, se analisarmos em essência, foi considerado estranho pelos padrões de sua época. Sim, estou falando de Jesus Cristo. Digno de toda a honra e glória. O Deus criador. Tudo é d’Ele, por Ele e para Ele. No entanto, viveu entre os homens.
De maneira alguma quero estabelecer aqui algum tipo de comparação entre o homem e Aquele que é incomparável, mas quero apenas refletir sobre o fato de que Cristo sabe o que é ser humano, afinal ele foi humano, de carne e osso. De forma incompreensível ele nos compreende. Isso é maravilhoso, isso é Emanuel!
A princípio, uma cara normal que ia a festas de casamento e todo tipo de festas religiosas. Foi numa dessas que realizou o seu primeiro milagre ao suprir uma necessidade um tanto quanto alegre dos anfitriões (Jo 2.1-11). Com isso vejo que Jesus curtia estar no meio dos homens. Aliás, a primeira coisa que Ele fez ao dar início ao seu ministério foi procurar discípulos, homens que passariam grande parte do tempo com o Mestre, desfrutando da sua companhia, ouvindo de sua voz grandes ensinamentos que não faziam muito sentido e pareciam, na hora, loucuras de um contador de histórias. Eles passeavam de barco, pescavam, comiam, enfim... Conviviam num relacionamento maduro e porque não dizer, estranho para alguns. Esses homens viveram situações inusitadas ao lado daquele que já os chamava de amigos (Jo 15.15). E por serem amigos chegados, esses homens imperfeitos e incapazes passaram a ser dia a dia transformados, crendo na verdade (Jo 8.31-32).
Como já disse, o importante para Jesus era estar com as pessoas e não agradá-las Os fariseus que o digam!(Jo12. 42-43). Cegos, não podiam ver a grandeza de quem lhes falava. Jesus curou um cego de nascença (Jo 9) e tudo o que eles conseguiram enxergar foi a data no calendário: era sábado... Presos à Lei, ao ativismo e a religiosidade que não levam a Deus, não puderam receber Jesus desprezando também os que o faziam (Jo 12.42-43).
Para os fariseus o Messias não podia ser assim, no entanto Cristo é assim! Sua presença cheia de amor abre nossos olhos para vermos o pecado residente em nós. O próximo passo é o arrependimento. E isso foi exatamente o que a mulher samaritana fez. Isso mesmo, mulher e samaritana. Jesus dedicou-se a ela. Como? Mostrando que sabia quem ela era na essência: pecadora, com um triste histórico amoroso. Diferente dos fariseus, aquela mulher ao se deparar com o confronto de um estranho a respeito de seus pecados, arrependeu-se e levou outros a Cristo. Este, atendendo a um pedido dos samaritanos, ficou com eles por 2 dias (Jo 4.1-42)!
Esse foi um dos episódios que confundiu os discípulos, apenas um de vários feitos inesperados de Jesus. O que dizer do inesquecível dia em que Jesus foi até o barco andando sobre a água? Ele era aquele tipo de amigo que chamava atenção de todos ao redor. Só que Ele sabia fazer isso nas horas certas. Ninguém precisava dizer coisas do tipo: “Mestre, por favor, pare de andar em cima da água... tá todo mundo olhando!” Isso seria desnecessário e ridículo! Ele sempre sabia o que dizer e o que fazer em cada situação. Soube o que fazer quando Lázaro morreu (Jo 11. 1-44). Soube o que dizer quando Maria veio lhe ungir os pés (Jo 12. 1-11). Sabia exatamente o que fazia enquanto lavava os pés dos seus discípulos (Jo 13.17). Jesus ensinou através de suas atitudes. Também com suas parábolas, comparações ou simplesmente quando dizia a verdade “nua e crua”. Criatividade e comunicação eficiente não eram problemas para Ele.
Em apenas 3 anos Jesus Cristo exerceu seu ministério. E o fez com excelência divina. Por comer dessa comida, a vontade do Pai (Jo 4.34), Jesus roubou a cena na vida de muitos e por isso também foi observado. Queriam nele encontrar culpa que pudesse condená-lo a morte (Jo 11.45-57). Porém permaneceu sem pecado. Ao se aproximar o dia de sua morte, Jesus orou (Jo17). Orou por si mesmo naquele momento de pânico, mas orou também pelos seus amigos e por todos aqueles que passariam a crer na Verdade:


“Rogo também por aqueles que crerão em mim, por meio da mensagem deles, para que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti. Que eles também estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. Dei-lhes a glória que me deste, para que eles sejam um, assim como nós somos um: eu neles e tu em mim. Que eles sejam levados à plena unidade, para que o mundo saiba que tu me enviaste, e os amaste como igualmente me amaste. Pai, quero que os que me deste estejam comigo onde eu estou e vejam a minha glória, a glória que me deste porque me amaste antes da criação do mundo. Pai justo, embora o mundo não te conheça, eu te conheço, e estes sabem que me enviaste. Eu os fiz conhecer o teu nome, e continuarei a fazê-lo, a fim de que o amor que tens por mim esteja neles, e eu neles esteja".
(Jo 17. 20-26)


Cristo morreu como homem derramando seu sangue por amor. Simplesmente por amor. A surpreendente vida humana de Jesus me traz liberdade inspiradora para prosseguir sem desistir. Jesus deixou um alerta para nós ao dizer que o mundo nos odiaria e perseguiria assim como fizeram com Ele (Jo 15.1 a 16.4), Só me resta agora confiar na Verdade das suas palavras. Cegamente. Pois Ele venceu e me encoraja a fazer o mesmo (Jo 16.33). Então, se é pra viver nesse gigantesco zoológico onde somos constantemente observados, vivamos com excelência lembrando sempre que o principal expectador é o próprio Emanuel, sempre conosco! É a Ele a quem devemos adorar com a nossa vida.
Sejamos um, estejamos com Ele, vejamos a sua glória!



Esse texto foi escrito baseado na leitura do evangelho de João e em experiências pessoais mais especificamente no momento que tenho vivido agora. Mas creio que minhas reflexões se encaixam no fato de que todos os crentes que querem ser Cristãos autênticos enfrentam situações assim como as que Jesus viveu ao combater o modo de vida religioso e ativista da sociedade judaica e trazendo VIDA de fato àquelas pessoas. Todos passamos por esse zoológico. Quem sabe até não estamos na mesma jaula?

Anaí M. França
S. M. Arcanjo- SP 10/01/2010

Um comentário:

  1. Pois é.
    Não é q Ele roube a cena, é que nós somos tão apaixonador por Aquele que se faz e é apaixonante, que ainda que nós tentemos falar de nós mesmos pra desabafar as neuras, rs, Ele começa a conversar conosco e nos revela um caminho em meio à neura rs..

    Não é q Ele roube a cena, é que somos bobas apaixonadas ♥_♥

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